segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ciclismo prepara projeto olímpico de olho em medalhas nos Jogos do Rio-2016


A arquibancada praticamente vazia é um retrato que eles querem que fique no passado. A promessa de dias melhores para o ciclismo brasileiro, depois da conquista da sede olímpica de 2016, vem começando a dar sinais. Pela primeira vez, uma equipe nacional disputou uma etapa da Copa do Mundo de pista. O Velódromo do Rio, na Barra, foi reaberto às provas da modalidade para a realização do Campeonato Brasileiro, depois de quase um ano. A competição, que termina neste sábado, conta com número recorde de inscritos na categoria Junior, passando de quatro para 27, comparado a dezembro de 2008.
- O projeto olímpico começa aqui. Estamos olhando esses atletas abaixo de 18 anos. Eles vão ter um centro de treinamento que ainda vamos decidir o local, mas é possível que seja em Americana (SP). A Confederação também irá disponibilizar bicicletas top para eles e para a elite. Diferentemente de antes, agora só vão precisar chegar com a mala. Já os ciclistas da elite irão se preparar aqui no Velódromo – disse o técnico da seleção, Claudio Diegues.
A previsão é que até janeiro a questão da logística esteja resolvida para que osselecionados possam treinar no CT do Rio. O grande ganho, segundo o treinador, será o suporte que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) irá oferecer nas áreas de psicologia, nutrição e fisiologia. A ideia também é criar uma seleção permanente para os velocistas e preparar os meio-fundistas em provas de estrada.
- A falta de tradição do Brasil na pista é porque o ciclismo de estrada é mais barato e bancado pelas equipes, enquanto que o outro é pelas federações. Mas queremos tentar um subsídio para os atletas de pista para poderem se dedicar. Seis anos é pouco para preparar um atleta capaz de ganhar medalha, mas não é impossível. E temos indícios de que podemos chegar lá, principalmente nas provas de grupo (velocidade por equipes, perseguição e keirin).
O modelo de trabalho a ser seguido é o da Inglaterra. Há três semanas, Sumaia Ribeiro acompanhou de perto a força da modalidade naquele país. A ex-jogadora de vôlei, que chegou a disputar a Superliga, abriu mão das quadras por se achar baixinha demais, mas também porque o salário não compensava. Desde 2007, ela vem se dedicando ao novo esporte e colecionando títulos. Mas lamenta ainda não poder voltar sua preparação somente para a pista.
- Não posso priorizar porque não ia conseguir comer. Tenho que fazer estrada porque compensa financeiramente. Parei até de fazer faculdade de Educação Física. Para 2016, vou estar no limite da idade, com 34 anos, mas quero disputar os Jogos em casa. Vamos precisar trabalhar mais porque as meninas novas estão chegando. Neste Brasileiro, o número já cresceu de sete competidoras para 21. Lá na Inglaterra todo mundo gosta de bicicleta e as mulheres vão de vestido, pedalando para o trabalho. Naquele domingo, quando disputamos a etapa da Copa do Mundo de Manchester, estava um frio infernal e o ginásio transbordando de gente. É um absurdo a estrutura que eles têm e, por isso, já contam com um campeão mundial de 19 anos – disse Sumaia.
Luciano Pagliarini tem a mesma opinião. Depois de 11 anos morando na Europa e disputando as mais importantes provas de estrada do mundo, ele está de volta ao Brasil e iniciando uma nova fase na carreira. Passou 12 anos sem pisar num velódromo, mas agora esse será seu novo endereço.
Nós começamos a caminhar com essa ida a Manchester. Levamos um cacete dos adversários, não tivemos possibilidade e moral para andar ao lado deles, mas precisamos participar dessas provas de nível internacional. Temos que observar o que eles estão fazendo. Não podemos mais dormir no ponto. Eu pretendo levar minha carreira até Londres-2012 e lá brigar pelo pódio. Vou ter 38 anos em 2016 e pretendo ajudar essa molecada. A Confederação está fazendo um trabalho mais sério. Há dez anos não tínhamos nada. E ela tem que continuar fazendo exames antidoping. Isso precisava acontecer para pegar quem erra e dar valor aos que têm resultado ao natural – afirmou, lembrando os quatro casos de doping deste ano – afirmou.
Ajuda de galã de novela para popularizar a modalidade
Os elogios de Luciano se estendem à qualidade do Velódromo carioca. O único senão diz respeito ao forte calor que faz na instalação. A arquibancada de 1.500 lugares – que será ampliada para 5.000 – e que recebeu menos de 15 pessoas na quinta-feira, não o assusta. Ele acredita que as cadeiras começarão a ficar mais cheias com as ações que serão feitas pela CBC daqui para frente. Aposta também no personagem que Cauã Reymond interpretará em “Passione”, próxima novela das oito, para ajudar na popularização.
- Ele vai viver um ciclista bem-sucedido na TV, já está fazendo treinos e isso vai ser muito bom para nós. Também tem gente que deseja disputar os Jogos do Rio e acha que poderá ter chance de fazer parte da delegação se tentar o ciclismo. Não é difícil que uma pessoa que não é ninguém na modalidade vire um campeão. Mas vai precisar de muito trabalho mesmo.
Além da mãozinha do galã da novela, a CBC também tem planos para atrair público para as competições.
- Na Polônia, há shows no meio do evento. Eles usam bandas de rock para atrair o público jovem. Nós poderíamos colocar um show do CPM22 numa competição, por exemplo. Os ingleses usam DJ’s e uma música que cada atleta escolhe para ser seu tema na hora da prova. Também apagam o velódromo todo e usam canhões de luz na apresentação dos competidores – disse Claudio Diegues.
Fonte: Globo Esporte

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